quinta-feira, 24 de junho de 2010

Sobre Camelos e o papel da Escola

UMA MÃE E UM BEBÊ CAMELOS ESTAVAM POR ALI, à toa, quando de repente o bebê camelo perguntou:

– Por que os camelos têm corcovas?
– Bem, meu filhinho, nós somos animais do deserto, precisamos das corcovas para reservar água e, por isso mesmo, somos
conhecidos por sobreviver sem água.
– Certo, e por que nossas pernas são longas e nossas patas arredondadas?
– Filho, certamente elas são assim para nos permitir caminhar no deserto. Sabe, com essas pernas longas eu mantenho meu
corpo mais longe do chão do deserto, que é mais quente que a temperatura do ar e, assim, fico mais longe do calor. Quanto às
patas arredondadas, eu posso me movimentar melhor devido à consistência da areia! – disse a mãe.
– Certo! Então, por que nossos cílios são tão longos? De vez em quando eles atrapalham minha visão.
– Meu filho! Esses cílios longos e grossos são como uma capa protetora para os olhos. Eles ajudam na proteção dos seus olhos,
quando atingidos pela areia e pelo vento do deserto! - respondeu a mãe com orgulho.
– Tá. Então a corcova é para armazenar água enquanto cruzamos o deserto, as pernas para caminhar através do deserto e os
cílios são para proteger meus olhos do deserto. Então, o que é que estamos fazendo aqui no Zoológico?



Essa história, que aparentemente não guarda nenhum sentido com a realidade das escolas pelo nosso país, suscita algumas reflexões:

Para que serve uma escola? Que sentido existe em nos organizarmos socialmente para convivermos horas, dias, meses e anos em um ambiente escolar? Qual a relação entre o vivido na escola e o cotidiano das pessoas?


Mais do que nunca, nós, pais, professores, cidadãos, depositamos na educação, especialmente na oferecida pela escola, a esperança de ajudar as pessoas a viver melhor, a enfrentar a realidade complexa dessa geração, de crises e calamidades vivas e anunciadas.

Precisamos formar pessoas livres, conscientes de sua realidade, capazes de discutir e enfrentar os desafios de sua história.

Precisamos, na escola, estudar para ser capaz de nos tornar intensamente gente e plenamente capaz de viver como pessoa: em grupo, juntos, aceitando nossas diversidades, respeitando-nos como seres humanos, construindo ciência, tecnologia capazes de combater doenças, reduzir a fome, a pobreza...

Será que o que estudamos na escola tem nos ajudado a contemplar a beleza da lua, das flores, dos pássaros...? Será que a escola tem nos permitido aprender a gostar de gente, de rios, de animais silvestres, de flores do campo? Tem nos ensinado a “comviver” com pessoas no trabalho, na vida, nas relações amorosas? Tem nos ensinado a amar e ser amados por pessoas e animais? A desenvolver paciência, tolerância e solidariedade com o outro? Será que os tantos conteúdos estudados na escola, têm nos ajudado a construir a sociedade sustentável de que precisamos, o respeito à comunidade dos seres vivos, a melhoria da vida humana, o respeito e a manutenção da biodiversidade do planeta, atitudes e práticas de pessoas humanizadas,
alianças comunitárias e globais em favor de nossa própria história?

Se esses conteúdos não estiverem sendo atendidos, fico com o camelinho, que em outras palavras questionava à mãe: para que corcovas, pernas longas, patas arredondadas e cílios grandes se estamos no zoológico e nossas demandas são outras?


É preciso gerar indignação nas pessoas, inconformidade com as injustiças, sensibilidade para a dor alheia (seja ela qual e em quem for); é preciso desejar gente que olhe para a vida e tenha desejo de viver, de abraçar, de sorrir e fazer diferença diante de muitos desafios impostos pela vida social.

COM VIDA's convidam para a utilização de todo o nosso equipamento físico, mental e até espiritual disponível, na direção da transformação e consolidação de uma sociedade mais justa e sustentável.

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